segunda-feira, 3 de setembro de 2007

" VIDA DE BOTAFOGUENSE"

Por todos os lados havia gente , ele
alheio a tudo , permancia extático aos transeuntes ensandecidos. O homem que
usava de óculos escuros , ficava parado olhando o lento movimento das andorinhas
migrantes que , dizem , vir da regiões Andaluz. Toda essa quietude o equiparava
as estátuas que enfeitavam as praças.
O engraxate , o cobrador , o flanelinha ,
o bancário , todos, sem excessão o comprimentavam diariamente como se fosse uma
obrigação. Era essa a visão que eu tinha de seu Antenor. Lia todos os matutinos,
vespertinos os panfletos lhes lançado as mãos aos montes. Seu Atenor era assim
um homem sem exageros nem gestos grossos. Cada palavra proferida parecia que era
meticulosamente planejada , verbalizada, empantufada.
Na minha meninice , eu me perguntava quem
poderia ser tão bom como seu Antenor. Ele dava notícias sobre seu grande
Botafogo , do meu amado tricolor , e do odiado corinthians. Falava quem seria
contradado, quem estava machucado, quem era o novo idolo da amarelinha. seu
Antenor me dizia;
" se maradona tivesse nascido com as
pernas tortas seria a encarnação de garincha e se tivesse nascido com assas ,
seria a encarnãção do demônio".
seu Antenor só não gostava de argentinos
, soldado de polícia, e de corintianos.
dizia ele ; " eles são todos iguais , se
tem culpa não mostra a cara e se tem cara não mostra a culpa . são sempre
ladrões, ladrões..."
A convivência com seu Antenor não me
transformou em botafoguense, mas peguei a mesmissíma xenofobia aos tipos acima
citado.
Quando seu antenor morreu , pensei ele
subindo de óculos no céu . Parava na porta e dizia" não entro se não tiver banco
de praça , um matutino. e se não tiver corintiano ai sim, isso seria um céu".

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